Sobre o Tantra

Tantra é um termo que é normalmente aplicado aos textos místicos de natureza Hindu e Budista, que em sua extensão tratam da importância espiritual do “conhecimento carnal”, cujo significado literal seria a obtenção da gnosis adquirida por todo o corpo. – ‘Gnosis’ é um conceito-chave de natureza mágica podendo ser definido como o conhecimento obtido pela percepção direta através da magick, em outras palavras, pela mente mágica. – Os livres pensadores praticantes do Tantra são conhecidos por diversos nomes, dentre eles: Tantrikas (magistas), Kaulas (aqueles que acompanham os deuses), Naths (Adeptos), ou Siddhas (os que detêm poder). Os Trantrikas estudam e praticam magick e por esse motivo, são capazes de encontrar um ambiente familiar aqueles dos adeptos mágicos-ocidentais. O Tantra é também uma inclinação religiosa e a preeminência das deidades adoradas dentro do Tantrismo Hindu tidas como Shiva e Shakti, a deusa prmordial, mas também a síntese de tudo, a criança ou o príncipe, como é o caso da deidade com cabeça de elefante tida como Ganesha. Os autênticos seguidores do Tantra acreditam que a nossa constituição psicológica possui componentes masculinos e femininos e se esforçam para realizar plenamente o potencial desta natureza bissexual com seus proóprios corpos e prórpias vidas. Após a popularidade das idéias de C. Jung, esta não parece ser uma hipótese inovadora, por outro lado, se deve ter em mente, que tais conceitos estão presentes na Ásia há mais de mil anos. O Tantrika almeja a unificação dos lados masculinos e femininos no âmbito corpo/mente, e assim alcançar aquilo que tem sido reconhecido como o estado primal da inocência/gnosis. Magick e por vezes a sexualidade, são ferramentas utilizadas para a obtenção desta transformação. Na maioria das vezes, os textos tântricos se iniciam com um diálogo entre Shiva e Shakti. A partitr disso, podemos concluir que o praticante, qualquer que seja a sua natureza, assume a forma-deus destes deuses, ou seja, Shiva e Shakti, ingressando assim mais uma vez naquele conhecimento que jorra daquilo que é divino. O tantrismo como culto ou seita é algo difícil de ser ignorado. Da mesma forma que o Hinduismo, é deveras na realidade uma coleção de diferentes práticas e sentenças de cunho filosófico. Para diversificar ainda mais as coisas, alguns elementos do Tantra podem ser encontrados também dentre os praticantes ortodoxos. Existem oito práticas ou técnicas bastante peculiares que podem ser encontradas dentro do Tantra. São elas: Sadhana, mantra, mandala, mudra, nyasa, dhyana, puja e diksha. Aquele que é capaz de compreender o siginificado de cada uma dessas palavras Sânscritas pouco familiares, terá uma ampla noção do que implica ser um Tantrika.




AMOOKOS and the Nath Ganas

Trad. Frater P.V.R.A.

Ganapati Upanishad
















“Também eu orei ao Deus Elefante, o Senhor dos Começos, que derruba obstruçäo.”

LXV: III: 15


Ganapati Upanishad



Prosperidade aos que nos ouvem ---- seja Shanti.


1. Om Gam eu reverencio Ganapati.

2. Tu és claramente o Tattwa. Tu és o único criador. Tu és o único mantenedor. Tu és o único que destrói. Por tudo isso, tu és claramente Brahman. Certamente és tu a Essência.

3. Sempre digo arta. Eu profiro o que é verdade.

4. Protegei-me. Protegei aos que recitam. Protegei aos que ouvem. Protegei aqueles que doam. Protegei aos portadores. Protegei ao devoto que roga. Protegei aqueles no leste. Protegei aqueles no sul. Protegei aqueles no oeste. Proteja aqueles no norte. Protegei aqueles em cima. Protegei aqueles em baixo. Em toda parte protegei! Proteja-me onde eu estiver!

5. Tu és fala. Tu és consciência. Tu és bem-aventurança. Tu és Brahma. Tu és Ser-Consciência-Bem-Aventurança. Tu és a negação da dualidade. Tu és convictamente Brahma. Tu és conhecimento. Tu és inteligência.

6. Tu criaste a todo este mundo. Tu manténs a todo este mundo. Todo este mundo é encontrado em ti. Tu és a Terra, água, ar, fogo, éter. Tu estás além das quatro dimensões da fala. Tu estás além das três gunas. Tu estás além dos três corpos. Tu estás além dos três tempos. Tu sempre estás assentado no Muladhara. Tu és aessência das três Shaktis. Os yogis estão sempre meditando em ti. Tu és Brahma,Tu és Visnu, tu és Rudra,tu és Agni, tu és Vayu, tu és o sol, tu és a lua, tu és Brahma, Bhur-Bhuvah-Svar.

7. Ga é a primeira sílaba, depois da primeira letra, se tem o m, e por fim a metade da lua que une a tudo. Unir com m, essa é a forma do mantra.

8. A letra ga é a forma primal, a letra ‘a’ o meio, ‘m’ é a última. Bindu é a forma mais elevada, ‘nada’ é assim unido, ‘samhita’ a junção. Esse é o vidya do Senhor Ganesha.

9. Ganaka é o observador, nricad-gayatri a medida, Sri Mahaganapati o deva.
Om Ganapataye Namah.

10. Meditemos naquele de um único dente, meditemos sobre sua tromba arqueada, possa aquela presa nos guiar.

11. Uma presa, quatro braços, carregando um colar e uma lança, com suas mãos banindo o medo e adquirindo bênçãos, com um rato como seu amuleto.

12. Rubro com uma grande barriga, com orelhas volumosas, vestindo-se de
vermelho, com membros impregnados de fragrância vermelha, adornado certamente com flores vermelhas.

13. Para o devoto, um deva misericordioso, o criador do mundo, a causa primal, quem no princípio da criação era maior que a natureza e o homem.

14. Aquele que sempre medita assim será um yogi acima de qualquer outro.

15. Saudações ao senhor dos juramentos, saudações a Ganapati, saudações ao
primeiro senhor, saudações a ti, ao que tem barriga-grande, Ao De-Uma- Presa-Só, Destruidor-de-Obstáculos, o filho de Shiva, ao doador de bençãos, saudações, saudações!

16. Aquele que estuda a este Atharva Shira se move em direção a Brahma. Ele está sempre cheio de bênçãos. Ele não será impedido por nenhum obstáculo. Ele está liberto das cinco maiores e das cinco menores transgressões. A meditação da manhã destrói a toda ação sem méritos da noite. Em ambos os casos, noite e manhã ele estará liberto da maldade e adquire dharma, artha, kama e moska.

17. Este Atharva Shira não deve ser concedido aqueles que não são devotos. Se por incredulidade uma pessoa assim o faz, é uma pessoa mã.

18. Aquele que deseja adquirir alguma coisa deve completar 1.000 recitações deste. Aquele que glorifica a Ganapati com este, tornar-se-á eloqüente. Aquele que este recita, no quarto dia tornar-se-á um conhecedor de vidya. Este é um ditado artharva: “Aquele que se move na direção de Brahmavidya nunca terá medo.” Aquele que adora com grãos fritos se torna famoso e inteligente. Aquele que adora com doces (modaka) adquire a fruta desejada. Aquele que adora com samit e manteiga tudo é por ele alcançado, a tudo adquire. Aquele que faz com que oito brahmanas compreendam isso se tornará como os raios do sol. Num eclipse solar, num grande rio, ou em frente a alguma imagem tendo recitado (isso) ele alcança a totalidade do mantra. Ele estará livre dos maiores obstáculos. Ele estará liberto dos grandes infortúnios.


Trad. Fr. P.V.R.A.

Jai Mata Kali Jai Mata Durge!


Kali significa ‘aquela que é negra’ ou ‘a negra’. Nos tempos Védicos esse nome foi associado com Agni (que significa fogo), a personificação do fogo sacrifical, que possui sete línguas cintilantes de fogo que devoram oblação de manteiga. As sete línguas, ou chamas, de Agni fazem alusão às ‘Sete Irmãs Vermelhas’. Destas sete, Kali era a negra ou a de língua terrível. O significado da palavra está perdido atualmente, embora tenha se desenvolvido junto a deusa Kali, a feroz intensamente negra e sangrenta, consorte de Siva (Shiva). O conceito da grande deusa é chamado Sakti ou Shakti (a palavra por si mesma significa ‘poder’). Uma personificação do princípio feminino e da força vital do universo. Assim como sua contraparte masculina, ela é tanto destrutiva quanto criadora e aparece sob muitas formas e aspectos, e ainda sob diversos nomes.

Dois antigos símbolos Hindus são o phallus ( lingam ), que pode ser até encontrado do lado de fora de alguns templos, sempre rodeado por uma vagina chamada yoni. Shiva é o lingam, Shakti é a yoni. O símbolo expressa a criação do mundo, entretanto está atrelada a um sentido muito mais profundo que um mero ato sexual. Shakti é a feminilidade encarnada, agindo como um guru para os deuses masculinos, um arquétipo atemporal, a mãe divina, tida como a mais nobre na cosmogonia Hindu.

Em função de sua natureza tirana, surge nas mais diversas formas, como aquela de Parvarti e Uma, filha dos Himalaya. Ela é a personificação das mais altas montanhas situadas às fronteiras nordestes da Índia. Parvarti é a bela esposa de Shiva e a mãe dos seus filhos, cheia de graça e feminilidade. Por outro lado, Durga é selvagem e protetora, Kali é cruel e destrutiva. Outros nomes de Sakti são Devi, cujo significado é a ‘grande deusa‘ ( note a similaridade entre Devi com devil ), Mahadevi, Sati, Bhavani, Bhairavi, Chandi, Hariti, Shashti, Mariyamman, Minakshi, Sitala, ( a deusa da varíola ), Manasa ( deusa serpente ) e milhares de outros nomes. Com Kali andam as sete Matrikas ( mães menores ) que confeccionam suas armas nas batalhas.

Como mãe criadora e doadora de vida, clama por todos os seres viventes, bons e amáveis, entretanto, assim como seu esposo, sob a mesma natureza destrutiva e criativa.

O aspecto mais dinâmico de Shakti é Durga ( que é de difícil aproximação ). O nome foi tirado do aspecto de Devi quando ela se tornou um demônio de nome similar a esse. Ela é ambas, protetora e letal aos seus inimigos, ela toma forma segurando diversas armas, empunhando espadas e lanças, assim como no mito da sua batalha com o demônio da montanha ( asura ) conhecida como Mahisha.

Em alguns lugares da Índia é adorada como Kali, reconhecida como possuidora dos atributos de uma pantera, e algumas vezes como sendo o tridente do seu esposo.

Sob o ponto de vista místico, Shakti representa o supremo cumprimento da verdade. O estado além da manifestação, o paramatman. Através do mais terrível aspecto de Shakti; Kali, Kalika, ou Chandi, também representa o tempo e os perpétuos ciclos da natureza, visto que tanto concede como destrói a vida.

Trad. Fr. P.V.R.A.
do livro 'Cult of Kali' de Karl NE