Fragmentos

Concentro-me em uma idéia, sem nenhuma intenção abaixo minha cabeça e meus olhos se dirigem ao ajna chakra, um turbilhão de pensamentos se apresentam, me concentro no que mais poderá expressar o que quero passar. Como num rio com muitos peixes, fico esperando que passe o mais formoso deles para que possa apanhar-lo, destrinchá-lo e me alimentar de suas entranhas. Quanto mais limpa a água melhor posso escolher o peixe, por isso a mente deve estar livre de qualquer outro pensamento senão o mágico. Também deve estar calma, pois o bom caçador deve esperar que sua presa esteja tranqüila para que não a perca, há o momento certo de lançar a flecha. Sem que perceba as pernas já não são sentidas, o corpo pé esquecido e só consigo ouvir as batidas de meu coração. Mas tudo isso só ocorre em momentos estranhos, que chamo de inspiração, mas possivelmente não o é, é mais próximo de uma inquietude, uma vontade extrema de fazer algo, como uma empolgação, uma paixão repentina, e uma certeza da grandeza do resultado.



Um fragmento do diário mágico de Frater Gemini 21.'.21.'.21


Ághape! Thelema!

Concernente à prática de Liber Resh vel Helios


Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei


A prática de Líber Resh, implica numa excelente introdução à prática ritual diária, assim como, há de ser uma constante no repertório de todo magista thelemita dedicado. Sua essência está naquele método de Bhakti Yoga, a Yoga da Devoção e do Amor. Amor é o coração e a alma da Grande Obra (Amor é a lei, amor sob vontade).
Embora Resh seja simples e pequeno, assim como qualquer outra prática séria, requer certa dedicação.
Conforme se vai avançando em suas práticas é certo que através delas surgirão bons frutos.
Sendo de simbologia cíclica, eu recomendo que todos compreendam a importância de seguir um plano, uma meta e seguí-la por algum período que seja relevante, já pré-determinado.
Um mês lunar é considerado o mínimo, devendo ser iniciado sob a Lua Nova.
Entre duas épocas (preferencialmente de solstício a solstício) como um padrão a ser seguido é melhor ainda. Um ano, é o ideal (mas depois tente parar!). Quanto mais você o pratica, mais você reconhece e compreende sua associação com ele. Os frutos e as riquezas da experiência virão. Mas entenda: para se criar hábito, um ritmo e constância nas práticas, pode ser que leve tempo, por isso é exigido que tenhais, sobretudo DISCIPLINA. Você poderá ficar surpreso o quanto é difícil se manter numa prática estritamente. Se você se esquecer ou se perder, ok, volte para onde começou.
Erga-se novamente! Pois é assim dito numa das partes do próprio Liber. Mas, mantenha-se nele com ardor e vontade.





“Sê firme, sê constante, sê estável.”




Amor é a lei, amor sob vontade

Lilith


Lilith figura como um demônio da noite nas escrituras hebraicas (Talmud e Midrash). Lilith é também referida na Cabala como a primeira mulher do bíblico Adão, sendo que em uma passagem (Patai81:455f) ela é acusada de ser a serpente que levou Eva a comer o fruto proibido. No folclore popular hebreu medieval, ela é tida como a primeira esposa de Adão, que o abandonou, partindo do Jardim do Éden por causa de uma disputa, vindo a tornar-se a mãe dos demônios. De acordo com certas interpretações da criação humana em Gênesis, no Antigo Testamento, reconhecendo que havia sido criada por Deus com a mesma matéria prima, Lilith rebelou-se, recusou-se a ficar sempre em baixo durante as suas relações sexuais. Na modernidade, isso levou a popularização da noção de que Lilith foi a primeira mulher a rebelar-se contra o sistema patriarcal.

Assim dizia Lilith:

‘‘Por que devo deitar-me embaixo de ti? Por que devo abrir-me sob teu corpo? Por que ser dominada por ti? Contudo, eu também fui feita de pó e por isso sou tua igual.’’

Quando reclamou de sua condição a Deus, ele retrucou que essa era a ordem natural, o domínio do homem sobre a mulher, dessa forma abandonou o Éden. Três anjos foram enviados em seu encalço, porém ela se recusou a voltar. Juntou-se aos anjos caídos onde se casou com Samael que tentou Eva ao passo que Lilith Tentou a Adão os fazendo cometer adultério. Desde então o homem foi expulso do paraíso e Lilith tentaria destruir a humanidade, filhos do adultério de Adão com Eva, pois mesmo abandonando seu marido ela não aceitava sua segunda mulher. Ela então perseguiria os homens, principalmente os adúlteros, crianças e recém casados para se vingar.

Castidade


Todas as Obras de Literatura Antiga e Medieval que mais particularmente concernem ao Buscador da Verdade concordam em um ponto. Os mais reles Grimórdios de Magia Negra, tanto quanto mais altos vôos filosóficos da Irmandade que nós nomeamos, insistem na Virtude da Castidade como de central importância no Portal da sabedoria.
Primeiro seja notada a palavra Virtude: a qualidade de Hombridade, o mesmo que Virilidade. A Castidade do Adepto da Rosa e Cruz, dos Cavaleiros do Graal Monsalvat é o completo oposto daquilo que o poeta pode escrever:


“...falsa Castidade que sacia
Sua luxúria solitária e mia
Em público, de boca babujosa.”


E o oposto daquele frigor emasculado tão decantado por poetas da laia de Alfred Tennyson e outros Acadêmicos.
A Castidade cuja Energia Mágica tanto protege quanto impele o aspirante aos Mistérios Sagrados é precisamente o contrário, em sua mais profunda natureza, de todas as concepções vulgares dessa Virtude; pois em primeiro lugar, é uma paixão positiva, em segundo lugar, relaciona-se apenas através de obscuros laços mágicos com a função sexual e em terceiro lugar, é inimigo mortal de toda forma de moralidade e sentimentalismo burgueses.
Podemos criar em nossas mentes uma concepção mais clara desta, a mais nobre e mais rara – no entanto, a mais necessária – das Virtudes, se estabelecermos a distinção entre ela e um de seus ingredientes: Pureza.
Pureza é uma qualidade passiva, ou pelo menos estática; significa a inexistência de qualquer mistura com qualquer outra coisa; como em puro alumínio, pura matemática, pura raça. O uso da palavra em expressões tais como leite puro, que sugerem ausência de contaminação, é um uso derivado e secundário.
Castidade, por outro lado, como a etimologia (castus, possivelmente relacionado com castrum, um campo fortificado) mesmo sugere, podemos supor que afirmar uma atitude moral de prontidão para resistir a qualquer assalto contra um existente estado de Pureza.


“Tão cara aos céus é a santa castidadade
Que quando uma alma é assim vista sincera
Mil anjos de libré em volta a servem”


Cantou assim Milton, com a capacidade de ver através de véus do verdadeiro poeta, pois tal serviço é puro desperdício, a não ser que seja exigido por nossa atividade.
A Esfinge não será domada se nos mantivermos afastados dela; e a inocência bruta do Paraíso está sempre à mercê da Serpente.
É a Sabedoria dela que deveria guardar nossos Caminhos; nós necessitamos de sua rapidez, sua sutileza e sua régia prerrogativa de dar a morte.
A Inocência do Adepto? Nós imediatamente nos lembramos da pujante Inocência de Harpócrates e de Sua Energia de Silêncio. Um homem casto não é, portanto, meramente um que evita o contágio de pensamentos impuros e os resultados destes; é um homem cuja virilidade é capaz de restaurar Perfeição ao mundo em volta dele. Assim o Parsifal que foge de Kundry e suas servidoras, as feiticeiras-flores, perde seu caminho e deve vagar duramente longos anos no Deserto; ele não é verdadeiramente casto até que seja capaz de redimi-la, um ato que ele executa através da reunião da Lança e do Sangraal.
Castidade pode, portanto, ser definida como a estrita observância do Juramento Mágico, Istoé, a Luz da Lei de Thelema, absoluta e perfeição, devoção ao Sagrado Anjo Guardião e firme marcha no Caminho da Verdadeira Vontade.
Castidade é inteiramente incompatível com a covardia da atitude “moralista”, a emasculação da alma e a estagnação do ato que comumente caracterizam o homem chamado casto pelo vulgo.
“Cuidai-vos da abstenção de agir” – não está isto escrito em Nossa Lição? Pois a natureza do Universo sendo Energia Criadora, qualquer recuo blasfema a Deusa e tenta introduzir os elementos de uma verdadeira morte no pulso da vida.
O homem casto, o legítimo Cavaleiro-Andante das Estrelas, impõe sempre sua essencial virilidade sobre o Útero palpitante da Filha do Rei, com todo golpe de sua Lança ele penetra o coração da Santidade e faz jorrar a Fonte do Sangue Sagrado, esguichando seu orvalho escarlate através do Tempo e do Espaço. Sua Inocência derrete, com sai Energia-branca-em-brasa, as vis cadeias daquela Restrição que é Pecado; e sua Integridade em sua fúria de Retidão, estabelece aquela justiça que (só dela) pode satisfazer a ânsia ardente da Feminilidade cujo nome é Oportunidade. Tal como a função do castrum ou castellum não é meramente resistir a um sítio, mas também compelir a Obediência a Lei e à Ordem todo pagão que possa ser alcançado pelo circuito de seus cavaleiros, assim também o Caminho da Castidade consiste em mais que defendermos nossa pureza contra assalto. Pois aquele que é imperfeito não é completamente puro; e nenhum homem é perfeito em si mesmo sem que se expresse em todas as suas possibilidades. Assim, devemos ser prontos a buscar toda aventura apropriada e usufruí-la vendo bem que de forma alguma isto nos distraia ou desvie de nosso propósito, poluindo nossa verdadeira Natureza e impedindo nossa verdadeira Vontade.
Portanto, ai do impuro que desdenha a aparentemente trivial ou foge acovardado da desesperada aventura. E aí, três vezes ai e quatro vezes ai daquele que é desviado pela aventura, relaxando sua Vontade e esquecendo seu Caminho, pois da mesma forma que o preguiçoso e o covarde estão perdidos, também o fraco que se deixa jogar por circunstâncias é arrastado para dentro do mais profundo Inferno.
Senhor Cavaleiro, seja atento: vigie junto a suas armas e renove seu Juramento, pois é de sinistro augúrio e mortalmente carregado de perigo qualquer dia que não enchemos a transbordar de alegres e audazes proezas de senhoril, de viril Castidade!




Pequenos Ensaios em Direção a Verdade.

Traduzido por Marcelo Motta

Sobre o Tantra

Tantra é um termo que é normalmente aplicado aos textos místicos de natureza Hindu e Budista, que em sua extensão tratam da importância espiritual do “conhecimento carnal”, cujo significado literal seria a obtenção da gnosis adquirida por todo o corpo. – ‘Gnosis’ é um conceito-chave de natureza mágica podendo ser definido como o conhecimento obtido pela percepção direta através da magick, em outras palavras, pela mente mágica. – Os livres pensadores praticantes do Tantra são conhecidos por diversos nomes, dentre eles: Tantrikas (magistas), Kaulas (aqueles que acompanham os deuses), Naths (Adeptos), ou Siddhas (os que detêm poder). Os Trantrikas estudam e praticam magick e por esse motivo, são capazes de encontrar um ambiente familiar aqueles dos adeptos mágicos-ocidentais. O Tantra é também uma inclinação religiosa e a preeminência das deidades adoradas dentro do Tantrismo Hindu tidas como Shiva e Shakti, a deusa prmordial, mas também a síntese de tudo, a criança ou o príncipe, como é o caso da deidade com cabeça de elefante tida como Ganesha. Os autênticos seguidores do Tantra acreditam que a nossa constituição psicológica possui componentes masculinos e femininos e se esforçam para realizar plenamente o potencial desta natureza bissexual com seus proóprios corpos e prórpias vidas. Após a popularidade das idéias de C. Jung, esta não parece ser uma hipótese inovadora, por outro lado, se deve ter em mente, que tais conceitos estão presentes na Ásia há mais de mil anos. O Tantrika almeja a unificação dos lados masculinos e femininos no âmbito corpo/mente, e assim alcançar aquilo que tem sido reconhecido como o estado primal da inocência/gnosis. Magick e por vezes a sexualidade, são ferramentas utilizadas para a obtenção desta transformação. Na maioria das vezes, os textos tântricos se iniciam com um diálogo entre Shiva e Shakti. A partitr disso, podemos concluir que o praticante, qualquer que seja a sua natureza, assume a forma-deus destes deuses, ou seja, Shiva e Shakti, ingressando assim mais uma vez naquele conhecimento que jorra daquilo que é divino. O tantrismo como culto ou seita é algo difícil de ser ignorado. Da mesma forma que o Hinduismo, é deveras na realidade uma coleção de diferentes práticas e sentenças de cunho filosófico. Para diversificar ainda mais as coisas, alguns elementos do Tantra podem ser encontrados também dentre os praticantes ortodoxos. Existem oito práticas ou técnicas bastante peculiares que podem ser encontradas dentro do Tantra. São elas: Sadhana, mantra, mandala, mudra, nyasa, dhyana, puja e diksha. Aquele que é capaz de compreender o siginificado de cada uma dessas palavras Sânscritas pouco familiares, terá uma ampla noção do que implica ser um Tantrika.




AMOOKOS and the Nath Ganas

Trad. Frater P.V.R.A.

Ganapati Upanishad
















“Também eu orei ao Deus Elefante, o Senhor dos Começos, que derruba obstruçäo.”

LXV: III: 15


Ganapati Upanishad



Prosperidade aos que nos ouvem ---- seja Shanti.


1. Om Gam eu reverencio Ganapati.

2. Tu és claramente o Tattwa. Tu és o único criador. Tu és o único mantenedor. Tu és o único que destrói. Por tudo isso, tu és claramente Brahman. Certamente és tu a Essência.

3. Sempre digo arta. Eu profiro o que é verdade.

4. Protegei-me. Protegei aos que recitam. Protegei aos que ouvem. Protegei aqueles que doam. Protegei aos portadores. Protegei ao devoto que roga. Protegei aqueles no leste. Protegei aqueles no sul. Protegei aqueles no oeste. Proteja aqueles no norte. Protegei aqueles em cima. Protegei aqueles em baixo. Em toda parte protegei! Proteja-me onde eu estiver!

5. Tu és fala. Tu és consciência. Tu és bem-aventurança. Tu és Brahma. Tu és Ser-Consciência-Bem-Aventurança. Tu és a negação da dualidade. Tu és convictamente Brahma. Tu és conhecimento. Tu és inteligência.

6. Tu criaste a todo este mundo. Tu manténs a todo este mundo. Todo este mundo é encontrado em ti. Tu és a Terra, água, ar, fogo, éter. Tu estás além das quatro dimensões da fala. Tu estás além das três gunas. Tu estás além dos três corpos. Tu estás além dos três tempos. Tu sempre estás assentado no Muladhara. Tu és aessência das três Shaktis. Os yogis estão sempre meditando em ti. Tu és Brahma,Tu és Visnu, tu és Rudra,tu és Agni, tu és Vayu, tu és o sol, tu és a lua, tu és Brahma, Bhur-Bhuvah-Svar.

7. Ga é a primeira sílaba, depois da primeira letra, se tem o m, e por fim a metade da lua que une a tudo. Unir com m, essa é a forma do mantra.

8. A letra ga é a forma primal, a letra ‘a’ o meio, ‘m’ é a última. Bindu é a forma mais elevada, ‘nada’ é assim unido, ‘samhita’ a junção. Esse é o vidya do Senhor Ganesha.

9. Ganaka é o observador, nricad-gayatri a medida, Sri Mahaganapati o deva.
Om Ganapataye Namah.

10. Meditemos naquele de um único dente, meditemos sobre sua tromba arqueada, possa aquela presa nos guiar.

11. Uma presa, quatro braços, carregando um colar e uma lança, com suas mãos banindo o medo e adquirindo bênçãos, com um rato como seu amuleto.

12. Rubro com uma grande barriga, com orelhas volumosas, vestindo-se de
vermelho, com membros impregnados de fragrância vermelha, adornado certamente com flores vermelhas.

13. Para o devoto, um deva misericordioso, o criador do mundo, a causa primal, quem no princípio da criação era maior que a natureza e o homem.

14. Aquele que sempre medita assim será um yogi acima de qualquer outro.

15. Saudações ao senhor dos juramentos, saudações a Ganapati, saudações ao
primeiro senhor, saudações a ti, ao que tem barriga-grande, Ao De-Uma- Presa-Só, Destruidor-de-Obstáculos, o filho de Shiva, ao doador de bençãos, saudações, saudações!

16. Aquele que estuda a este Atharva Shira se move em direção a Brahma. Ele está sempre cheio de bênçãos. Ele não será impedido por nenhum obstáculo. Ele está liberto das cinco maiores e das cinco menores transgressões. A meditação da manhã destrói a toda ação sem méritos da noite. Em ambos os casos, noite e manhã ele estará liberto da maldade e adquire dharma, artha, kama e moska.

17. Este Atharva Shira não deve ser concedido aqueles que não são devotos. Se por incredulidade uma pessoa assim o faz, é uma pessoa mã.

18. Aquele que deseja adquirir alguma coisa deve completar 1.000 recitações deste. Aquele que glorifica a Ganapati com este, tornar-se-á eloqüente. Aquele que este recita, no quarto dia tornar-se-á um conhecedor de vidya. Este é um ditado artharva: “Aquele que se move na direção de Brahmavidya nunca terá medo.” Aquele que adora com grãos fritos se torna famoso e inteligente. Aquele que adora com doces (modaka) adquire a fruta desejada. Aquele que adora com samit e manteiga tudo é por ele alcançado, a tudo adquire. Aquele que faz com que oito brahmanas compreendam isso se tornará como os raios do sol. Num eclipse solar, num grande rio, ou em frente a alguma imagem tendo recitado (isso) ele alcança a totalidade do mantra. Ele estará livre dos maiores obstáculos. Ele estará liberto dos grandes infortúnios.


Trad. Fr. P.V.R.A.

Jai Mata Kali Jai Mata Durge!


Kali significa ‘aquela que é negra’ ou ‘a negra’. Nos tempos Védicos esse nome foi associado com Agni (que significa fogo), a personificação do fogo sacrifical, que possui sete línguas cintilantes de fogo que devoram oblação de manteiga. As sete línguas, ou chamas, de Agni fazem alusão às ‘Sete Irmãs Vermelhas’. Destas sete, Kali era a negra ou a de língua terrível. O significado da palavra está perdido atualmente, embora tenha se desenvolvido junto a deusa Kali, a feroz intensamente negra e sangrenta, consorte de Siva (Shiva). O conceito da grande deusa é chamado Sakti ou Shakti (a palavra por si mesma significa ‘poder’). Uma personificação do princípio feminino e da força vital do universo. Assim como sua contraparte masculina, ela é tanto destrutiva quanto criadora e aparece sob muitas formas e aspectos, e ainda sob diversos nomes.

Dois antigos símbolos Hindus são o phallus ( lingam ), que pode ser até encontrado do lado de fora de alguns templos, sempre rodeado por uma vagina chamada yoni. Shiva é o lingam, Shakti é a yoni. O símbolo expressa a criação do mundo, entretanto está atrelada a um sentido muito mais profundo que um mero ato sexual. Shakti é a feminilidade encarnada, agindo como um guru para os deuses masculinos, um arquétipo atemporal, a mãe divina, tida como a mais nobre na cosmogonia Hindu.

Em função de sua natureza tirana, surge nas mais diversas formas, como aquela de Parvarti e Uma, filha dos Himalaya. Ela é a personificação das mais altas montanhas situadas às fronteiras nordestes da Índia. Parvarti é a bela esposa de Shiva e a mãe dos seus filhos, cheia de graça e feminilidade. Por outro lado, Durga é selvagem e protetora, Kali é cruel e destrutiva. Outros nomes de Sakti são Devi, cujo significado é a ‘grande deusa‘ ( note a similaridade entre Devi com devil ), Mahadevi, Sati, Bhavani, Bhairavi, Chandi, Hariti, Shashti, Mariyamman, Minakshi, Sitala, ( a deusa da varíola ), Manasa ( deusa serpente ) e milhares de outros nomes. Com Kali andam as sete Matrikas ( mães menores ) que confeccionam suas armas nas batalhas.

Como mãe criadora e doadora de vida, clama por todos os seres viventes, bons e amáveis, entretanto, assim como seu esposo, sob a mesma natureza destrutiva e criativa.

O aspecto mais dinâmico de Shakti é Durga ( que é de difícil aproximação ). O nome foi tirado do aspecto de Devi quando ela se tornou um demônio de nome similar a esse. Ela é ambas, protetora e letal aos seus inimigos, ela toma forma segurando diversas armas, empunhando espadas e lanças, assim como no mito da sua batalha com o demônio da montanha ( asura ) conhecida como Mahisha.

Em alguns lugares da Índia é adorada como Kali, reconhecida como possuidora dos atributos de uma pantera, e algumas vezes como sendo o tridente do seu esposo.

Sob o ponto de vista místico, Shakti representa o supremo cumprimento da verdade. O estado além da manifestação, o paramatman. Através do mais terrível aspecto de Shakti; Kali, Kalika, ou Chandi, também representa o tempo e os perpétuos ciclos da natureza, visto que tanto concede como destrói a vida.

Trad. Fr. P.V.R.A.
do livro 'Cult of Kali' de Karl NE